sexta-feira, 30 de novembro de 2012

BCAÇ4213 - Ordem de Serviço nº 264




Gostavas de ter menos 38 anos e entrar de serviço amanhã? Eis aqui um pouco da nossa história diária no aquartelamento de Mocímboa da Praia, pelo menos, depois de Outubro de 1974. Estava-se então na época dos louvores. Por onde andarão hoje o Alf. Mil. Joaquim Oliveira e o Sold. TRMS. Ulisses Rodrigues? E o José Casaca? E o Francisco Amor? E tantos outros que gostaríamos de encontrar? Aguardamos que respondam á chamada.
 
(Doc. cedido por Mineiro)

sábado, 10 de novembro de 2012

1ª CCAÇ - Abrigo do Rio Sinheu - Sobrevivência


1º Grupo de Combate - 1ª CCAÇ
 
 
 Abílio Gonçalves em acção de vigilância em cima do abrigo da ponte do Rio Sinheu. Por detrás, o posto de vigilância construído com bidões e sacos cheios de areia.
 
 
A Lavandaria Ideal. O Rio Sinheu que nos fornecia a água para beber, cozinhar (quando havia o quê) e, como o Abílio Gonçalves e o Antonio Castro demonstram, a oportunidade de tomar banho e lavar a roupa.

 
Um dia o abrigo veio abaixo. No início de uma noite chuvosa (na chamada hora Maconde), depois de mais um ataque da Frelimo, o abrigo da ponte do Rio Sinheu não resistiu a tanta água e várias morteiradas. Caiu-nos em cima deixando uma perna partida, escoriações mais e menos graves em vários militares, danificando o rádio, a bolsa de enfermagem, cantis, carregadores, armas, camas e, principalmente, ferindo o moral de quem lá estava dentro que, como era natural, a maior parte do Grupo. Destes militares, três ainda foram capazes de responder ao pedido de voluntáriado feito pelo Furriel Lourenço para atravessarem com ele a noite, as linhas da Frelimo e percorrer em passo acelarado, a distância até ao aquartelamento de Mocímboa da Praia procurando socorro.
Na foto, tirada no dia seguinte, quatro sapadores de uma outra Companhia que vieram tentar a reconstrução do abrigo e, sentados, o Gonçalves e o Castro.
 
 
Se o rio nos dava de beber, não dava de comer. Mas servia de chamariz. Por isso, sempre que a oportunidade aparecia, a caça era a solução para deixar as rações de combate, se ainda existissem.
O Gonçalves em cima de um troféu ou, melhor dizendo, em cima do nosso sustento: uma Palanca negra ou Pala-pala, animal pouco comum em Moçambique. Entre outros, passando por detrás, o cabo Aguiar.

 
Embora sem curso de talhante, o Gonçalves fez o melhor que sabia com a faca-de-mato na mão. Impacientes, estavam todos os outro até um companheiro de ocasião: o cão.
 
(Imagens cedidas por Abílio Gonçalves)
 
 
  Palanca negra (Hippotragus niger) também conhecida por Pala-pala.
 
 
 

sábado, 3 de novembro de 2012

1ª CCAÇ - Amizades II


Num momento de descanso em Mocímboa da Praia, da esq para a dtª, Mineiro, Agostinho, Sousa, Castro, ?, Vitor Coelho e Cunha. 

Outra frente de ataque, possivelmente, no "China": Mineiro, Pinheiro,Cunha e Almeida.
 
(Fotos cedidas por V.F.Mineiro)
 
 

sábado, 13 de outubro de 2012

BCAC4213 - 1ª CCAÇ - A banhos


O Lourenço e o Arménio Pereira em Mocímboa no local que dava nome á vila: a praia.

Fotografia digna das Olímpiadas de Mocímboa da Praia: (dtª para a esquerda) Lourenço, Tony, José Barros e Arménio Pereira.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Garoupa pescada em Mocimboa da Praia



Para quem já não se lembrava do tamanho de certas garoupas e raias apanhadas pelos pescadores de Mocimboa e que viamos na areia da praia, aqui fica mais um belo exemplar capturado há pouco tempo naquelas águas do oceano Índico.
 
 

sábado, 6 de outubro de 2012

BCAÇ 4213 - 3ª CCAÇ - Hora do rancho em Diaca



Quando o cozinheiro toca no ferrancho toda a gente se põe em bicha.
 
(Fotografia cedida por Eugénio Vasconcelos)
 
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

BCAÇ 4213 - Mocímboa da Praia século XXI


Algumas fotos que recolhi da jovem e simpática Ana Elisa, missionária brasileira que esteve em Mocímboa da Praia durante 2 anos e com quem me correspondi. Penso que estas fotos são de 2009/2010. Para aqueles que anseiam por notícias desta terra, que de certo modo reflete alguma disposição até no sentido de entreajuda, aqui fica um pequeno nada.
 









 

 
 
Para quando um contacto de alguém que viva actualmente em Mocímboa da Praia?
 
(fotos de Ana Elisa - http://anamissionaria.blogspot.pt )

domingo, 23 de setembro de 2012

BCAÇ 4213 - 1ª CCAÇ - Festa é festa


Se conhaque era conhaque, festa era festa.
Poucas vezes conseguimos estar todos juntos derivado ao sistema de rotação de, pelo menos, três Grupos de Combate no mato. No entanto, por vezes e por horas, encontravam-se dois grupos operacionais no aquartelamento de Mocímboa da Praia. Com a boa assistência dos "não operacionais", peças fundamentais para que tudo fosse correndo bem no mato, no companheirismo e na amizade, rebentava a "festa" para comemorar uns anos, um nascimento de filho ou, pura e simplesmente, comemorar o facto de estarmos vivos e entre amigos.
 
Na foto, Fur. Mils. Carlos Ferreira, José Barros, Fernando Serafim, José António Pereira (Tony), José Guerreiro, José Alberto Amorim, José Amaro Vilas entre outros.

José Barros num golpe de tesoura ajudado pelo Tony. Ao fundo, Guerreiro, Rui Lindo e Vilas.

Não sei se o Vilas e o Serafim estariam a jogar xadrez mas que o Ferreira, o Barros e todos os outros ajudaram na disputa, não restam dúvidas.

Dia de festa, comemora-se!

O Tony na fase de maestro da orquestra agora em surdina. O Ferreira ambienta o conjunto com instrumento de sopro.
 

Fim de festa. Que pena, logo já é outro dia, parecem pensar o Guerreiro, o Tony e o Barros.

(fotos cedidas por José Barros)
 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

BCAÇ 4213 - 1ª CCAÇ - O Búfalo do 2º GC




      2º Grupo de Combate em acção de patrulhamento há alguns dias. Como diziam as normas de segurança, a pernoita era em círculo, não muito perto de árvores, mantendo a rotatividade na vigilância. No centro do círculo o homem das transmissões, o enfermeiro e os graduados, neste caso, os Furriéis José António Pereira (Tony) e José Amaro Vilas.
      O sol nascera há pouco e o Grupo preparava-se para saborear, pelo segundo ou terceiro dia, o leite condensado dissolvido em água com as bolachas de água e sal (6 em cada dia) ou, para os mais esfomeados (todos!), uma lata de porco com feijão ou mão de vaca com grão (50 a 70 gramas cada lata). Iguarias que faziam parte da ração de combate "Tipo E" distribuída.
 
      De repente gerou-se o reboliço. Um enorme búfalo (animal com perto de 900 kg) saía da mata em correria desenfreada direito ao círculo. O soldado africano Camisa, de vigia nesse lado, não teve alternativa e improvisou uma pega de caras que lhe valeu 4 ou 5 costelas partidas.
      Levados pela surpresa e numa reacção rápida, os soldados dispararam para o búfalo que já estava no centro do círculo esquecendo-se de que, do outro lado, estavam outros camaradas. O resultado saldou-se em mochilas e cantis furados e um tiro numa coronha de G3.
      O Furriel Vilas ainda estremunhado, negou-se a ser o segundo forcado da fila a pegar a besta e desatou em correria, alongando as pernas e os braços para a árvore mais próxima, cada vez mais longe. Não aguentando a corrida matinal sem aquecimento, tropeçou e foi atropelado o que lhe valeu uns arranhões e umas nódoas negras nas costas.
      Em perseguição feroz, os soldados do Grupo continuavam a disparar para o animal que se ia aguentando até ser atingido num joelho, fazendo-o cair e ser fuzilado ali mesmo sem dó nem piedade.
 
Transportado para o aquartelamento de Mocímboa da Praia foi esquartejado, a muito custo, sob as ordens do Capitão Ulisses com vasta assistência faminta.
      No corpo já trazia 3 ou 4 tiros de Kalashnikov o que nos fez duvidar se teria sido o 2º Grupo de Combate da 1ªCCAÇ o merecedor do prémio da melhor pega em mata moçambicana.
      Uma coisa é certa. A dureza da carne era tal que mesmo esfomeados como andávamos, ninguém lhe conseguiu ferrar o dente. Saboreámos-lhe o cheiro em forma de bife.
 
(foto cedida pelo Celestino)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

BCAÇ 4213 - Transmissões e afins


Nem sempre era fácil acompanhar os Grupos operacionais da 1ª CCAÇ no seu dia-a-dia. No entanto este conjunto de "prestadores de serviços" tornavam-se também eles operacionais sempre que tinham de dar assistência ou sair com os Grupos de Combate. A eles se ficou a dever a boa conclusão de algumas horas mais difíceis.

E sempre com boa disposição. Entre eles, o Nogueira, o Celestino e o Peixeira que é um dos organizadores dos actuais almoços da CCS e 1ªCCAÇ.

Que estariam aqui a combinar?...

Desvendado o mistério: aprender a tocar corneta...

... pelos visto o resultado agradou.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

BCAÇ 4213 - 3ª CCAÇ - Diaca


Saída de mais uma coluna de Diaca onde estava aquartelada a 3ª CCAÇ do BCAÇ 4213. Nos primeiros metros o ritual de despedida de mulheres e crianças do aldeamento.

Uma das muitas paragens na picada.

No capim, João Afonso em protecção "fotográfica".
 
(Fotografias cedidas por João Afonso)
 
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

BCAÇ 4213 - 1ª CCaç - Um cantinho especial



O meu canto no espaço colectivo dos Fur. Mil. da 1ª CCaç em Mocímboa da Praia.
Esta foto de 1973 retrata o meu "cantinho" que alguns problemas me trouxe com o comando do BCaç 4213. Era, por assim dizer, o meu silencioso grito de revolta na Guerra Colonial e sublinhava alguns dos "interesses" dos meus vinte anos.
Passo a explicar: na parede estavam coladas algumas frases (slogans) revolucionárias (ao tempo); um cartazete dos direitos da criança; uma foto com uma mão a agarrar o símbolo da paz, muito usado na altura; um postal com várias cabeças do Che Guevara e algumas das suas frases revolucionárias internacionalistas; foto da acta da aprovação dos direitos do Homem; Uma foto de Joni Mitchell em Woodstock e, talvez a mais polémica (?!) a bandeira da Frelimo que abaixo reproduzo.
 
 
Na minha estante/secretária, construida a olho com madeira das caixas de munições, alguns livros como por exemplo, a poesia de José Afonso (retirada do mercado pela Pide/DGS), Pablo Neruda, livros de arte, filosofia (Engels também), jornais com mais de 3 meses (entre eles o Notícias da Amadora à altura), a Seara Nova, cassetes do Zeca Afonso, Luís Cilia, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Francisco Fanhais, clássica, rock, folk, etc. tudo o que desse para misturar e confundir.
Quem não ia muito em "misturas" era o comandante (as várias ordens de "limpeza" nunca foram cumpridas) e, principalmente, o major 2º comandate que me prometeu vida negra em longa comissão "vigiada por quem de direito", depois de terem aparecido uns panfletos anti-guerra colonial e opressão do povo moçambicano no aldeamento onde havia mais macondes em Mocímboa. Por coincidência e pela mesma altura, houve um levantamento de rancho no aquartelamento em protesto contra as condições alimentares e outras.
Com tão bom prognóstico astral, só o 25 de Abril evitou que as coisas se tivessem complicado mais. Fica-nos a recordação e a esperança de não termos de voltar aos mesmos estratagemas.

domingo, 2 de setembro de 2012

BCAÇ 4213 - 1ª CAaç - Defesa e auto-protecção


Na protecção das viaturas e em especial, em rebentamento das minas, era usual "carregarem-se" com bidons e sacos de areia para atenuar os rebentamentos. Neste caso, esta Berliet está reforçada também com quatro pesos pesados: Gomes, Martins, Silvestre e Celestino.

Homem previdente. A todo o aparato, o Celestino acrescentou mais umas "granadas de mão".

Um dos abrigos em Mocímboa da Praia para protecção contra ataques, principalmente bombardeamentos.

Outro abrigo junto ao arame farpado que cercava o aquartelamento. Acredito que o Celestino estava a pensar: "Vou já cortar este capim todo!". Ou será que se estava a esconder da equipa de capinagem?

Técnicas de camuflagem...

... pelo sim, pelo não, o melhor seria olhar para cima...

... mas em último caso, havia sempre um Tarzan de serviço!
 
(Fotografias cedidas por Celestino)