Erguei-vos garbosos resistentes das matas de Cabo Delgado.
Segurai-vos eternos valentes que nem as águas do Rio Sinheu, do Tejo e do Douro vos foram capazes de saciar a inesgotável sede.
Levantai os olhos já piscos para um murmúrio de espanto e inveja e dizei comigo a uma só voz:
- Ahhhhhh, Manica!
Pois as miragens existem mas nem tudo parece o que realmente é. Mas esta é mesmo: Manica. Acabadinha de chegar de Moçambique acompanhada de amendoim torrado na chapa, com o tal sabor africano. O autêntico.
Ainda se lembram (fechem os olhos) de chegar de dias e dias a palmilhar o mato, sem água nem rações de combate, apenas com uma réstia de esperança a arrastar o corpo?
Ainda se lembram (tornem a fechar os olhos) de se sentarem no varandim do "China", de camisa aberta, a deixar escorrer umas fresquinhas na tentativa de apagar o fogo e afogar todas as incertezas?
Ou era para aliviar as dores nas costas, nas pernas, nos braços e na cintura maltratada pelo cinturão carregado de munições?
Remédio santo! Melhor que o celebre comprimido LM (Laboratório Militar) que nos era receitado para tudo, desde a dor-de-corno, a micoses, paludismo, ansiedade, dor-de-fome e outras coisas mais abaixo. Melhor que a famosa Banha da Cobra vendida nas feiras do tempo dos nossos pais.
2M, Laurentina, Manica, faziam milagres. Quem não se lembra?
Á nossa saúde vai uma Manica. Directamente de Maputo vestida de prenda de Natal e com um grande agradecimento em nome da Mafalda.
Bem hajam.