1º Grupo de Combate - 1ª CCAÇ
Abílio Gonçalves em acção de vigilância em cima do abrigo da ponte do Rio Sinheu. Por detrás, o posto de vigilância construído com bidões e sacos cheios de areia.
A Lavandaria Ideal. O Rio Sinheu que nos fornecia a água para beber, cozinhar (quando havia o quê) e, como o Abílio Gonçalves e o Antonio Castro demonstram, a oportunidade de tomar banho e lavar a roupa.
Um dia o abrigo veio abaixo. No início de uma noite chuvosa (na chamada hora Maconde), depois de mais um ataque da Frelimo, o abrigo da ponte do Rio Sinheu não resistiu a tanta água e várias morteiradas. Caiu-nos em cima deixando uma perna partida, escoriações mais e menos graves em vários militares, danificando o rádio, a bolsa de enfermagem, cantis, carregadores, armas, camas e, principalmente, ferindo o moral de quem lá estava dentro que, como era natural, a maior parte do Grupo. Destes militares, três ainda foram capazes de responder ao pedido de voluntáriado feito pelo Furriel Lourenço para atravessarem com ele a noite, as linhas da Frelimo e percorrer em passo acelarado, a distância até ao aquartelamento de Mocímboa da Praia procurando socorro.
Na foto, tirada no dia seguinte, quatro sapadores de uma outra Companhia que vieram tentar a reconstrução do abrigo e, sentados, o Gonçalves e o Castro.
Se o rio nos dava de beber, não dava de comer. Mas servia de chamariz. Por isso, sempre que a oportunidade aparecia, a caça era a solução para deixar as rações de combate, se ainda existissem.
O Gonçalves em cima de um troféu ou, melhor dizendo, em cima do nosso sustento: uma Palanca negra ou Pala-pala, animal pouco comum em Moçambique. Entre outros, passando por detrás, o cabo Aguiar.
Embora sem curso de talhante, o Gonçalves fez o melhor que sabia com a faca-de-mato na mão. Impacientes, estavam todos os outro até um companheiro de ocasião: o cão.
(Imagens cedidas por Abílio Gonçalves)
Palanca negra (Hippotragus niger) também conhecida por Pala-pala.